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Recife ferve ao som de Tumaraca, Marron Brasileiro, Ney Matogrosso e Raphaela Santos na abertura do Carnaval 2025

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Em uma noite de celebração intensa e repleta de homenagens, a capital pernambucana abriu as festividades com um espetáculo de diversidade, emoção e muita história. (Foto: Wagner Ramos/PCR)

“É tanto amor!” que o Carnaval do Recife pode te dar… Depois de uma vasta programação de prévias carnavalescas, finalmente chegou o dia em que todos os corpos bailaram e entoaram, em uníssono, as mais belas tradições, celebrando a rica diversidade carnavalesca que só o Recife tem e sabe proporcionar. A noite da quinta-feira (27) marcou a abertura do Carnaval do Recife 2025 e começou com a força ancestral do Tumaraca, seguiu com o show de um dos homenageados deste ano, Marron Brasileiro, que fez a cidade tremer e a galera suar, passou pela irreverência sofisticada de Ney Matogrosso que colocou o “Bloco na Rua” e encerrou com a emoção do brega romântico de Raphaela Santos, embalando os corações carnavalescos até o último acorde.

 

O espetáculo Tumaraca abriu a festa reafirmando a força da tradição e da ancestralidade de povos indígenas e de matriz africana. Com o tema “O Futuro é Ancestral”, o encontro reuniu 13 nações de maracatu de baque virado em uma apresentação grandiosa, reverberando a importância dos mestres, mestras e da percussão na identidade cultural pernambucana. No maior palco do Carnaval do Recife, cada mestre regeu a loa mais antiga de sua nação entoadas pela Voz Nagô.

 

O espetáculo também foi marcado por homenagens a Tata Raminho de Oxóssi (in memoriam), ao mestre Teté, Patrimônio Vivo do Recife, e ao mestre Walter, guardiões das mais profundas raízes do maracatu pernambucano. No auge da celebração, mais de 700 batuqueiros fizeram ecoar suas alfaias, gonguês, agbês, taróis e timbaus em uma saudação emocionante ao mestre Naná Vasconcelos.  Entre o público, Maria Oliveira, 45 anos, moradora do Recife, também se emocionou: “A cada batida, sinto que estamos vivos, que a nossa cultura está pulsando mais forte do que nunca. É um momento muito bonito no Carnaval de Recife”.

 

O cantor e percussionista recifense Lucas dos Prazeres, responsável pela direção do espetáculo, destacou a força e a continuidade da cultura popular. “Maracatu é resistência desde o século XVII. Se hoje estamos aqui, é porque muitas gerações mantiveram essa tradição viva”, afirmou. Em sua estreia na direção do Tumaraca, ele celebrou a emoção de ver crianças das nações de maracatu recebendo esse legado. “Naná nunca saiu do Tumaraca e nunca sairá”, disse, em referência ao monumento do percussionista no Marco Zero. “Salve Naná, salve o Tumaraca, salve o 22º Encontro das Nações que me deram esse legado e eu vou honrar com todo o meu axé”. 

 

A celebração ganhou ainda mais brilho com a participação especial de Chico César e do Balé Bacnaré, vindo diretamente da Bomba do Hemetério. A fusão de batuques, dança e poesia emocionou o público e reafirmou o compromisso com a valorização da cultura afro-brasileira. Como presente ao Tumaraca, Chico César surpreendeu a plateia e as nações com uma loa especial. 

 

“Estar com essas nações é uma forma de nos alimentarmos de energia e força. E como retribuímos isso? Cantando! Estou aqui para celebrar as entidades afro-indígenas, porque o maracatu é também um espaço de aquilombamento, unindo os negros trazidos da África aos povos indígenas que já habitavam este lugar. Cantar e recitar minha loa neste Encontro das Nações, no coração do Marco Zero, é uma forma de iluminar os corações e manter essa tradição viva”, afirma Chico César. 

 

 

O cantor Marron Brasileiro, um dos homenageados do Carnaval do Recife 2025, subiu ao palco acompanhado de convidados especiais como Dany Myler, Michelle Melo, Só Brega – Conde, Ciel Santos, Martins, Larissa Lisboa, Almério, Barro, Romero Ferro, Nena Queiroga, Luciano Ferraz, Gustavo Travassos e Elba Ramalho, para um show que celebrou a música pernambucana. Durante a apresentação, ele relembrou sucessos como “É Tanto Amor”, “Arreia Lenha” e outros clássicos que encantam o público e mantêm viva a tradição do frevo e de outros ritmos pernambucanos. 

Sheila Mesquita, 61 anos, veio do Rio de Janeiro para matar a saudade do Carnaval de Recife e não economizou na animação. Pulava feito pipoca ao som de Marron Brasileiro e celebrava o retorno à folia. “O Recife tem o melhor Carnaval do Brasil! Este é o meu quarto Carnaval aqui, sou apaixonada. Fazia nove anos que eu não vinha, e então cantei para mim mesma: voltei, Recife! Foi a saudade que me trouxe para celebrar. Esse Carnaval é fantástico, é incrível, eu amo!”, declarou.

O aguardado show de Ney Matogrosso foi um dos grandes momentos da noite. Com sua voz inconfundível e presença de palco magnética, ele colocou o “Bloco na Rua”, título de seu álbum, encantando o público com performances cênicas e uma interpretação arrebatadora de clássicos como “Jardins da Babilônia”, de Rita Lee, “Pavão Mysteriozo”, de Ednardo, “Sangue Latino” (de sua fase no Secos & Molhados) e “Pro Dia Nascer Feliz”, do Barão Vermelho, que fechou o repertório. 

Do Canadá para o Carnaval do Recife, Leon Bione não esconde a emoção de estar de volta à folia após quase uma década longe. “Depois de oito anos sem ver o Carnaval, tem um gosto especial, uma emoção a mais para mim. Ney é uma entidade, e o show dele é maravilhoso. É o primeiro que assisto nesta volta, então não podia perder a oportunidade de estar aqui hoje.”

A cantora Raphaela Santos, uma das novas vozes do brega pernambucano, encerrou a primeira noite de festa com uma apresentação que reafirmou a força do ritmo no coração do público. Com uma energia contagiante, ela levou os foliões ao delírio ao finalizar o show com Só Dá Tu, garantindo um encerramento vibrante. Entre os fãs empolgados, Mariana Gomes, 28 anos, celebrou a experiência: “O brega faz parte da nossa vida. Sou fã da Rafaela faz tempo. Já é a segunda vez que venho, como na primeira vez que ela veio. Eu adorei! Estou muito feliz de estar aqui.”

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